Mas antes que algum professor de inglês pense em correr para o Librivox para pegar contos de fadas para usar em aulas com crianças, um aviso: Os contos de fadas de antigamente não são exatamente o que hoje recomendaríamos para crianças! Eles se preocupavam muito mais em ensinar uma lição do que em "encantar".
. . . | A famosa estória da "Cachinhos Dourados", por exemplo: Nas versões mais antigas a personagem principal não era uma menininha loira, mas sim uma "velha" (este termo ainda não era politicamente incorreto). Assim como nas versões mais recentes, ela entrava na casa dos três ursos, sem saber quem lá morava, e encontrava três copos de leite (ou alguma outra coisa), o primeiro quente demais, o segundo frio demais etc. Após beber o leite que mais lhe agradava e tirar um cochilo na cama idem, ela aprendia a importante lição de que não se deve mexer nas coisas alheias ao ser arremessada com violência pela janela, após ser encontrada pelos indignados donos da casa. (Em algumas versões o castigo era muito pior.) |
À medida que estas estórias de tradição oral passaram a ser impressas, também passaram a ser cada vez mais "suavizadas" para agradar o crescente público de leitores infantis. No caso da "Cachinhos Dourados" (que nas primeiras versões, evidentemente, não tinha este nome), a velha foi substituída por uma menininha de cabelos dourados e os ursos, ao invés de arremessarem-na pela janela, passaram a encantar-se com sua graciosidade e convidá-la para visitá-los sempre que quisesse.
Um exemplo muito mais clássico de como os contos de fadas mudaram é a estória da Chapeuzinho Vermelho. Na verdade, há muitos estudos sobre os simbolismos contidos neste conto que visam passar uma mensagem destinada não tanto ao público infantil, mas juvenil. Assim, a capa vermelha que a menina ganha seria um simbolismo para a chegada de seus períodos, demonstrando que ela está entrando na adolescência; o caminho mais longo que ela toma seria um simbolismo para "seguir o caminho errado"/ sair do caminho do que é "correto" conforme as regras da sociedade/religião; as perguntas que ela faz à respeito do corpo do lobo seriam a curiosidade ao descobrir um corpo masculino ("que mãos peludas" etc); e por fim... bem, por fim... Dispensa comentários, não é?
No próximo post colocarei na íntegra (e com áudio) a tradução para o inglês da primeira versão impressa desta estória (escrita por Charles Perrault em 1697), onde não havia nenhum final feliz ainda. Esta versão, assim como muitos outros clássicos da literatura, pode ser encontrada em áudio em inglês no site do projeto Librivox, que mencionei no post anterior.
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