segunda-feira, 21 de março de 2011

Quem fala um segundo idioma é mais inteligente?

O site Voz da América em inglês simplificado (Voice of America in Special English) apresentou um artigo muito interessante, o qual tomo a liberdade de "compactar" em tradução livre (sem fins didáticos) abaixo:

"Quem fala um segundo idioma é mais inteligente?"

No começo dos anos 50, pesquisadores observaram que pessoas que falavam mais de um idioma obtinham pontuações menores em testes de inteligência. Pesquisadores nos anos 60 observaram o contrário: pessoas bilingues obtinham pontuações superiores às das que falavam apenas um idioma.

Ano passado foram apresentados os últimos resultados sobre o tema em um encontro da American Association for the Advancement of Science. As evidências mais recentes indicam que ser bilingue não torna necessariamente a pessoa mais inteligente.

Mas a pesquisadora Ellen Bialystok, professora de psicologia da York University em Toronto, afirma que falar um segundo idioma provavelmente torna a pessoa melhor em determinadas habilidades. De acordo com ela, pessoas bilingues geralmente conseguem controlar seu foco de atenção melhor do que quem fala somente um idioma. Ou seja, possuem o "Sistema de Controle Executivo", responsável por esta habilidade, trabalhando de forma mais eficiente.

"Talvez este seja o mais importante sistema cognitivo(1) que temos pois é nele que são tomadas todas suas decisões sobre no prestar atenção, o que ignorar e o que processar," afirma Ellen Bialystok, que aponta que a melhor forma de testar o Sistema de Controle Executivo é o Teste de Stroop.

Este teste consiste em dizer o nome das cores em que várias palavras são escritas, ignorando as próprias palavras, que são todas nomes de cores.


ELLEN BIALYSTOK: "Assim, você tenta dizer a cor vermelha que está na palavra azul, mas a palavra azul é tão chamativa que liga todos os circuitos do seu cérebro, e você começa a querer dizer "azul". Então você precisa de um mecanismo que tire o foco da palavra azul para que você possa dizer "vermelho". Este é o Sistema de Controle Executivo."

O trabalho dela mostra que pessoas bilingues praticam constantemente esta função, já que ambos idiomas encontram-se ativos em seus cérebros ao mesmo tempo e eles precisam suprimir um para serem capazes de falar o outro(2).


Observações minhas:

(1) Cognitivo significa "relativo ao aprendizado", para quem não está familiarizado com o termo.

(2) Chamo a atenção para algo que ela menciona de passagem como sendo a coisa mais óbvia do mundo, mas que não parece tão óbvio para quem ainda não consegue aprender de forma satisfatória um segundo idioma: Não é possível falar um idioma sem "desligar-se" do outro.

Isto é algo que sempre menciono: Ninguém consegue falar inglês pensando em português ao mesmo tempo (por exemplo, utilizando a sequência português > tradução > inglês para cada palavra, cada expressão, cada frase dita).

Por isso enfatizo sempre que, para falar inglês de forma fluente e compreensível, deve-se praticar trazer as palavras em inglês à cabeça automaticamente - baseando-se nas definições/significados destas palavras, e não nas definições/significados dos "equivalentes" em português. Igualmente deve-se construir as frases em inglês baseando-se na "lógica" da gramática inglesa, que é diferente da "lógica" da gramática da língua portuguesa. Enquanto estiver tentando pensar em duas coisas diferentes ao mesmo tempo (inglês e português) será sempre desastre na certa, assim como acontece no exercício acima se você acaba observando tanto a cor quanto a própria palavra ao mesmo tempo.

Obrigado, Dra. Ellen!

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